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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Homenagem a Benoni Alencar Pereira por Ricardo Sant'Anna Reis


"Benoni Alencar Pereira, meu amigo, jornalista, preso político do PCBR, fundador do PT, fundador do PSOL, revolucionário na essencia, uma das melhores pessoas que conheci, foi assassinado em Casimiro de Abreu dentro de casa, no que pode ter sido um crime político, sendo ele um combativo opositor da elite local. Exigimos uma completa investigação e a punição do culpado, seja quem for!" 
                                                                                              Ricardo Sant'Anna Reis e amigos

OS MENDICANTES 

                                                                                             A Benoni Alencar Pereira

Quando o adensar da noite nos convocar
saidos estaremos de todos os cantos do dia.
Iremos em procissão, romeiros submergidos
atoresc de vaudeville atuando nos pequenos atos
da cena sórdida, ratos, bebedores contumazes
rábulas de causas perdidas
tristes poetas da incomunicabilidade
pardos profetas do fim do mundo
parvos senhores ao relento
revolucionários derrotados
prostitutas devotas ao abrigo de bares turvos.
Quando o adensar da noite nos trouxer a lua
e esta, sobre nós, lançar a sua luz fria
a Lagoa de Piratininga, então
se adornará de brilhos, de reflexos de pirilampos
e teremos a riquesa de uma noite comovente
- a cachaça aquecendo lembranças
e afastando o medo; a dor que arde
no olhar fixado num ponto de fuga; a perspectiva
o ar encorpoado e a penumbra da maresia.
Por hino, tomaremos uma música qualquer
(não um música de corno).
Seguiremos o rastro da fome e da sede
no chão tornado púrpura pela lua cheia.
Juntos, clouchards terminais
marcharemos sem glamour e sem quartel
até a inviabilidade triunfar sobre o cinismo.

Ricardo Reis, 2001



Jornalista Benoni Alencar Pereira

ÂMAGO SOLIDÁRIO

                                                a Benoni Alencar Pereira

Dentro de mim, em algum refugio
que pretenso protege-me
do inferno
e do que não me tem alcance.

Moro no desatino
tão dentro e tão longe
tão perto de tudo
e de todos
como um insolito retirante
ausente porto/destino que fosse
subito, em um relance
moraria na dimensão do horizonte.

Habito o interno da alma
habito o cerne da vida
ao alcance de um olhar
de um balido, um latido
e ainda assim, não me basto.
Procuro uma simbiose
com as dores deste mundo.

Ricardo Reis, 2011

Ricardo Sant'Anna Reis

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