EntreVistas
Hoje, 28 de Fevereiro lanço em grande estilo: EntreVistas um novo espaço para que possamos conhecer juntos, pessoas que realmente fazem a diferença e fazem acontecer, com seriedade e qualidade em seus objetivos e ações.
Conheci dois jovens interessantes, responsáveis, inteligentes. Que me encantaram com sua honestidade e simplicidade ao falar. Com suas histórias de vida e determinação. E, ao convidá-los para essa conversa, de pronto aceitaram e foram responsavelmente pontuais. E nossa entrevista foi tão especial, que ao cair uma forte chuva o que não acontecia há dias, faltou luz no mesmo instante, o que sempre acontece aqui em Rio das Ostras. - Deve ter algum sensor na AMPLA, aos primeiros pingos captados, desliga-se tudo. - Nossa entrevista passou então a ser realizada à luz de velas. Super chic, como nossos entrevistados merecem.
Diretoria Grupo Cores da Vida: Ari, Philipe, Jonathan e Indiara.
Jaqueline Serávia: Vamos apresentar vocês para os que ainda não os conhecem...
- Me chamo Jonathan Craveiro, tenho 21 anos, sou o presidente do Grupo Cores da Vida.
- Eu me chamo Philipe de Araujo, também tenho 21 anos, sou diretor do Grupo e sou designer gráfico.
JS: O que os motivou a ter essa decisão de montarem uma ONG?
GCV: Sempre desejamos montar um grupo onde tivesse o objetivo de lutar contra todas as formas de preconceito, um grupo formado por jovens, na época tínhamos 16 anos. Acho que fomos os ativistas mais novos do Brasil. Motivados por esse desejo passamos a conhecer outros grupos que já eram legalizados, como o Grupo Cabo Free (Cabo Frio – RJ), a ONG MDS (Macaé – RJ) e o Grupo Esperança (Campos – RJ), que nos deram muita força. Com isso, convidamos amigos interessados e montamos a documentação necessária.
JS: O que vocês reivindicam?
GCV: Reivindicamos o direito a livre orientação sexual e os direitos humanos das minorias, principalmente os LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Queremos combater todas as formas de preconceito, seja machismo, homofobia, racismo.
Também visamos a prevenção e a divulgação das DST/HIV/AIDS distribuindo preservativos em pontos de prostituição, festas e eventos em prol da saúde de todos. Queremos mostrar que somos cidadãos e merecemos respeito perante a sociedade. E quem nunca sofreu preconceito?
JS: Quais as maiores dificuldades que vocês encontram para pôr em prática seus projetos?
GCV: Ainda encontramos muitas dificuldades, querendo ou não o preconceito ainda é muito grande e por sermos jovens, muitos comerciantes não confiam. Ficamos tristes por isso. Pois, temos muitos jovens de 16, 18 e 20 anos que querem trabalhar e ajudar a cidade, visando a paz e o amor com o próximo. Mas, muitos não dão essa oportunidade.
Não dizem que os jovens são o futuro do País? Então, dêem oportunidade a esse futuro!
JS: Quais trabalhos vocês realizam durante o ano?
GCV: Nós distribuímos preservativos e panfletos educativos conscientizando a importância do uso e da prevenção, realizamos caravanas para manifestações e paradas em outras cidades, damos palestras sobre homofobia, sexualidade e direitos humanos. Como já realizamos na Estácio de Sá em Cabo Frio – RJ. Onde pudemos junto com a ONG MDS criar um documentário abordando o preconceito com homossexuais.
Ano passado criamos junto com a UFF de Rio das Ostras – RJ outro documentário, onde falamos sobre a Parada do Orgulho LGBT de Rio das Ostras realizada anualmente no mês de setembro em Costa Azul. Também realizamos encontros, seminários e cine debate, onde arrecadamos alimentos para portadores do HIV/AIDS.
JS: Quais metas ainda estão por ser atingidas?
GCV: Creio que ainda temos muito para atingir, além da luta que sempre vai existir. Pois, até hoje os negros sofrem preconceitos, imagina os homossexuais... Mas, nossa maior meta, não digo nem meta, mas sonho, é poder conseguir um local onde a ONG possa atuar oferecendo, não só para os LGBTs, mas para toda a sociedade, assistência social, psicológica, jurídica e de enfermagem. Ter uma sede onde as pessoas possam ter informações e tirar dúvidas. Queremos ajudar o próximo, pois sei que somos capazes disso, é isso o que eu queria que fizessem para mim.
JS: O que é preciso para se associar ou apoiar a ONG Grupo Cores da Vida?
GCV: Para se associar ou apoiar o Grupo Cores da Vida, basta ter a vontade de ajudar ao próximo e que as pessoas sejam contra o preconceito. Qualquer um pode se associar ou ser voluntário. Em nosso grupo temos gays, lésbicas, héteros e travestis. É um grupo bem misto e com o propósito de mostrar que todos podem conviver respeitando a diversidade.
JS: Qual a opinião de vocês quanto ao que motivou o início das Paradas Gays e o que elas representam agora?
GCV: Infelizmente as paradas gays de hoje estão sendo vistas como um grande carnaval. Do que adianta termos as maiores paradas do mundo se não temos os nossos direitos conquistados? É o que sempre digo para os jovens. Nós podemos casar no civil? A homofobia é crime? Podemos adotar filhos sem sofrer preconceitos? Então... A parada não pode virar uma bagunça. Devemos usar como exemplo as paradas dos EUA. Lá sim eles lutam e conquistam os direitos.
Temos que mostrar o objetivo da parada com placas, camisetas, militância, que nem no início. Dessa maneira sim, iremos atrair telespectadores que amarão e participarão com carinho da parada. Esse é o nosso maior desejo, fazer uma parada com pais de homossexuais, com héteros simpatizantes, com casais homoafetivos, todos desfilando com placas reivindicando e também com pessoas que já sofreram preconceito. Ex: Negros, mulheres, idosos, obesos, deficientes com placas escritas: “Eu já sofri preconceito. Lute conosco, antes que a próxima vítima seja você.”
Esse é o nosso maior desejo, poder fazer um manifesto com objetivos e com o apoio direto da sociedade. Infelizmente o que nos falta é verba e apoio de pessoas que podem ajudar. Gostaríamos de levar à sociedade a real importância da Parada Gay e da maneira certa de ser.JS: Quanto ao índice publicado pelo jornal O Globo em 27-11-2009 - editoria: O País. De que Rio das Ostras é a 2ª cidade onde há maior quantidade de portadores de HIV positivos, e a 26ª no Brasil. O que vocês sabem a esse respeito e qual a sugestão de vocês para se reverter esse quadro?
GCV: Esse grande índice ocorre pelo fato de pessoas que moram fora da cidade migrarem para Rio das Ostras em busca de tratamento. Isso pelo medo de se exporem em suas cidades e por acreditarem em nossa saúde. O trabalho de prevenção é importante e deve ser constante e não só com homossexuais. Mas sim, com toda a sociedade, pois AIDS não tem cor, não tem raça, não tem sexo, não tem credo. Qualquer um está propício a contrair o vírus. Por isso devemos conscientizar todos os públicos, levando prevenção e informação.
JS: Qual pergunta que vocês sempre quiseram responder e nunca perguntaram?
GCV: O que diria para os políticos religiosos que colocam obstáculos para conquistas LGBTs?
GCV: Diria que nós não “optamos”em ser gay, lésbica, travesti ou transexual. Nascemos assim e merecemos nossos direitos como todo cidadão. negro nasce negro, mas não escolhe ser negro, como eles, nós não escolhemos ser homossexual, nascemos com essa condição. Então, merecemos ser protegidos pela Lei e ser reconhecidos perante as bancadas políticas. A política deve ser direcionada para todos! A cidade (Rio das Ostras) não possui só evangélicos – já que crentes são todos os que crêem em algo ou em alguém. Sendo assim, também somos crentes. – possui gays, negros, idosos, mulheres, crianças e deficientes. Nós cidadãos escolhemos quem vai governar nossa cidade então, nós somos os patrões e eles os subordinados. Não somos nem mais e nem menos do que ninguém, somos iguais e existimos, estamos aqui e queremos nossos direitos.
JS: Exatamente! Até porque a maquininha que computa os votos, não pergunta se o eleitor é gay ou não, não é? Na hora do palanque, dos comícios, dos tapinhas nas costas e eleitoreiros sorrisos, eles pedem por favor que os gays não votem neles por causa de suas “religiões”? Claro que não! Nessa hora, para eles, vale conquistar tudo e a todos (VOTOS), até de Sodoma e Gomorra se for o caso.
Obrigada John e Ph.
Sucesso em suas lutas e conquistas!
Que nossos políticos - sociedade amadureçam. Ou seria desendureçam?
E larguem mão da hipocrisia, visando horizontes mais amplos, com mais amor para com os seres e o Universo, e menos politicagens e covardias em nome de Deus que a Tudo e a Todos criou.
Que Rio das Ostras possa ser exemplo positivo também nisso.
Jaqueline Serávia
Ong Grupo Cores da Vida
Contatos: somoscoresdavida@hotmail.com
Tel: (22) 9931- 0062
7 Comentários:
em primeiro lugar gostaria de parabeniza-los pela entrevista adorei e me solidarizo com a luta de voces um forte abraço e beijo com carinho do amigo Diovani
Por Diovane, às 28 de fevereiro de 2010 às 15:11
Nossa, fiquei surpreso ao ler esta entrevista.Tenho um filho de 14 anos que assumiu a pouco tempo que é gay. Eu fiquei louco quando ele me disse e acabei machucando ele. Esta entrevista fez eu pensar melhor e vi que meu filho não é nenhum monstro, nenhum bandido, nenhuma aberração como eu disse na cara dele ao agredir. Somos todos filhos de Deus e agora acredito que meu filho não escolheu ser gay, ele nasceu assim e espero que ele seja muito feliz ao lado da pessoa que ele ama. Agora acho que isso importa, a felicidade do meu filho! Imagino quantas famílias estão passando por isso e não tem informação a respeito do assunto em mãos. eu pesquisei na net e achei a página certa. incrível como é o destino. risos... meu e-mail fica a disposição para me manter informado destas notícias, quero acompanhar mais de perto pelo menos por e-mail o que se refere aos gays, eu tenho que reconquistar meu filho, afinal ele saiu de casa com medo de represálias pior de minha parte. Resumindo "eu o amo de qualquer forma, independente de quem ele ame!!!" Obrigado... Lucas Alves
Por Unknown, às 28 de fevereiro de 2010 às 18:43
Esqueci do e-mail: lucas.lualves@gmail.com
manda mais notícias por favor!
Abraços
Por Unknown, às 28 de fevereiro de 2010 às 18:52
Ual... arrasou na entrevista! Adorei! vou repassar para amigos...
Por Unknown, às 28 de fevereiro de 2010 às 19:37
Que assunto polêmico nas vistas de pessoas com mente pequena! Gostei da atitude desses jovens que tem orgulho de dizer "sou gay e mereço respeito", pelo menos foi o que eu entendi da entrevista porque sem orgulho não há visibilidade! Sucesso sempre... Simone - Rio de Janeiro/RJ
Por Unknown, às 1 de março de 2010 às 06:44
eu acho que independente dá escolha ou opção sexual, temos que respeitar as pessoas. parabéns pela entrevista e se precisar de divulgação a minha página está aberta. O MUNDO PRECISA DE PESSOAS COM CARATER, INDEPENDÊNTE SE É GAY OU NÃO.
VALEU!!!!
Por O HOMEM DO TERNO VERDE, às 1 de março de 2010 às 10:46
Olá galera de Rio das Ostras, adoro essa Cidade e já passei muitos momentos bons aí... É muito legal saber que numa Cidade do interior tem jovens empenhados com causas sociais. Gostaria muito de ajudar só que moro no Rio. Anotei os contatos do GCV e quando eu for pra região eu entro em contato para poder ajudar em alguma coisa. Como diz Dicesar do bbb: Beijos Iluminados e remixados.... rs
Por Heber Cris, às 2 de março de 2010 às 13:07
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