A Carta - na íntegra!
Fomos informados que Angelo Morote, Diretor responsável pelo Rio das Ostras Jornal, logo após ter publicado a carta do leitor Fernando Khouri em seu jornal impresso, foi demitido de seu programa numa rádio comunitária de Rio das Ostras. Mesmo sequer tendo mencionado tal carta em seu horário na rádio..
Ficam umas perguntas no ar: A quem interessa que essas notícias não sejam veiculadas? Se a tal rádio em questão é comunitária, quem demitiu o jornalista foi a comunidade? Qual o papel e o futuro do jornalismo em Rio das Ostras?
Carta ao Prefeito de Rio das Ostras Carlos Augusto Balthazar
17/03/2011
Eu estou aqui, juntando toda energia possível, para lhe dizer algo que vivi nestes últimos dias. Ontem eu enterrei minha mãe, Asthrid Fahur Khouri, a coisa mais preciosa que eu tinha. Minha mãe era portadora de câncer e havia retirado o estômago, o baço e o pâncreas. Apesar de ter um plano de saúde bom, na urgência fomos forçados a levá-la ao pronto socorro municipal, onde vi os funcionários da limpeza, com um uniforme onde se lia: “SAÚDE É NOSSA PRIORIDADE”.
Quando entrei na sala de trauma, uma espécie de UTI, lá estava um calor insuportável e no aparelho de ar condicionado havia um cartaz dizendo: ESTE APARELHO ESTÁ QUEBRADO, HÁ + ou - 1 ANO. Fui até o leito de minha mãe, e vi que o que lhe servia de colchão era uma espuma forrada por um plástico rasgado e sujo de sangue seco, o local estava infestado de moscas. Então pedi um lençol para forrar aquele lixo, mas como resposta, disseram que não tinha.
Minha mãe tinha 73 anos, passou sua vida preocupada com higiene e graças a você, ela morreu com o rosto encostado naquele colchão imundo.
Os funcionários, enfermeiras e médicas fizeram todo o possível para ajudá-la, mas não havia recurso naquela unidade para dar conforto aos últimos instantes de vida de uma mulher que além de ter votado em você, ela te defendia quando eu falava da sua incapacidade administrativa. Ali, no PS, há bons profissionais, mas não tem medicamentos nem aparelhos para prestar socorro.
Por volta das 10 horas da manhã, como qualquer ser humano, eu precisei ir ao banheiro e para minha surpresa, os vasos não tinham assento, não havia descarga. Precisei lavar as mãos, mas não havia sabonete ou detergente. Pensei: Vou lá na recepção, em unidades de saúde sempre tem aquele álcool gel OBRIGATÓRIO. Fui ao balcão e perguntei onde era o álcool gel e a moça, visivelmente constrangida, me informou que não tinha...
17/03/2011
Eu estou aqui, juntando toda energia possível, para lhe dizer algo que vivi nestes últimos dias. Ontem eu enterrei minha mãe, Asthrid Fahur Khouri, a coisa mais preciosa que eu tinha. Minha mãe era portadora de câncer e havia retirado o estômago, o baço e o pâncreas. Apesar de ter um plano de saúde bom, na urgência fomos forçados a levá-la ao pronto socorro municipal, onde vi os funcionários da limpeza, com um uniforme onde se lia: “SAÚDE É NOSSA PRIORIDADE”.
Quando entrei na sala de trauma, uma espécie de UTI, lá estava um calor insuportável e no aparelho de ar condicionado havia um cartaz dizendo: ESTE APARELHO ESTÁ QUEBRADO, HÁ + ou - 1 ANO. Fui até o leito de minha mãe, e vi que o que lhe servia de colchão era uma espuma forrada por um plástico rasgado e sujo de sangue seco, o local estava infestado de moscas. Então pedi um lençol para forrar aquele lixo, mas como resposta, disseram que não tinha.
Minha mãe tinha 73 anos, passou sua vida preocupada com higiene e graças a você, ela morreu com o rosto encostado naquele colchão imundo.
Os funcionários, enfermeiras e médicas fizeram todo o possível para ajudá-la, mas não havia recurso naquela unidade para dar conforto aos últimos instantes de vida de uma mulher que além de ter votado em você, ela te defendia quando eu falava da sua incapacidade administrativa. Ali, no PS, há bons profissionais, mas não tem medicamentos nem aparelhos para prestar socorro.
Por volta das 10 horas da manhã, como qualquer ser humano, eu precisei ir ao banheiro e para minha surpresa, os vasos não tinham assento, não havia descarga. Precisei lavar as mãos, mas não havia sabonete ou detergente. Pensei: Vou lá na recepção, em unidades de saúde sempre tem aquele álcool gel OBRIGATÓRIO. Fui ao balcão e perguntei onde era o álcool gel e a moça, visivelmente constrangida, me informou que não tinha...
Lá dentro, minha mãe estava sendo entubada, pois a morte estava chegando e aqueles profissionais queriam dar a ela um mínimo de dignidade e conforto aos seus últimos instantes. Buscamos no seu hospital uma vaga na UTI. Mas as vagas são poucas, não tinha lugar para minha mãe.
Eu, no desespero, perdi uma grande oportunidade, à tarde, o Brother, vice-prefeito, esteve lá no Pronto Socorro e veio me cumprimentar, perguntar por que eu estava ali. Naquele momento, não raciocinei. Devia tê-lo arrastado pra dentro daquela sala e mostrado todo o horror que é aquele local. Mostrar a ele que o homem a quem ele ajudou a eleger não passa de uma fraude política, um ser desprezível.
Naqueles instantes, eu me revoltei contra Deus. Depois, com mais calma, vi que partir foi melhor para minha mãe que estava sofrendo muito, mas ela poderia ter partido como viveu; cercada de higiene, carinho e atenção. Eu fiz as pazes com Deus, mas a você e a sua administração incompetente, eu não posso perdoar. Caso eu o perdoe, estarei aceitando que outros filhos tenham seus pais tratados como indigentes, alias, mesmo os indigentes, deviam ser tratados com mais dignidade.
Você ainda tem os seus pais? Se os tem, nunca os leve ao seu pronto socorro, eles teriam vergonha de serem pais de uma fraude política. Você é incapaz para o cargo que ocupa e esta minha carta de protesto será apenas o início da minha campanha contra sua administração.
Eu, no desespero, perdi uma grande oportunidade, à tarde, o Brother, vice-prefeito, esteve lá no Pronto Socorro e veio me cumprimentar, perguntar por que eu estava ali. Naquele momento, não raciocinei. Devia tê-lo arrastado pra dentro daquela sala e mostrado todo o horror que é aquele local. Mostrar a ele que o homem a quem ele ajudou a eleger não passa de uma fraude política, um ser desprezível.
Naqueles instantes, eu me revoltei contra Deus. Depois, com mais calma, vi que partir foi melhor para minha mãe que estava sofrendo muito, mas ela poderia ter partido como viveu; cercada de higiene, carinho e atenção. Eu fiz as pazes com Deus, mas a você e a sua administração incompetente, eu não posso perdoar. Caso eu o perdoe, estarei aceitando que outros filhos tenham seus pais tratados como indigentes, alias, mesmo os indigentes, deviam ser tratados com mais dignidade.
Você ainda tem os seus pais? Se os tem, nunca os leve ao seu pronto socorro, eles teriam vergonha de serem pais de uma fraude política. Você é incapaz para o cargo que ocupa e esta minha carta de protesto será apenas o início da minha campanha contra sua administração.
Fernando Khouri (infelizmente alguém que já foi seu eleitor).
fkhouri@ostras.net
fkhouri@ostras.net
3 Comentários:
É de dar pena que aconteçam casos como este , que tive a oportunidade de ler e chorar junto a um filho que perdeu sua mãe...
A Minha querida mãe tem 76 anos e vários problemas de saúde.
Mas estes casos não acontecem só em rio das ostras. Acontecem no País todo , onde o governo sucateou a saúde pública e vendeu suas responsabilidades aos planos de saúde(serão de saúde mesmo??).
Entregando à população mais pobre somente as promessas e a tristeza de vermos nossos entes queridos implorando por um socorro decente que nunca virá.....
Só poderemos mudar isto nas urnas , mas enquanto votarmos nos mesmos vermes que saem sorridentes e solícitos na época das eleições , nada mudará...e só piora..
Cadê o projeto ficha limpa e a reforma no Senado??..........
Por Unknown, às 15 de abril de 2011 às 19:32
Este comentário foi removido pelo autor.
Por Vanessa Rodrigues, às 17 de abril de 2011 às 12:27
É uma rádio comunitária onde o povo só tem voz quando fala bem das mazelas da cidade, enquanto se elogia você permanece na linha, quando é uma critica, o “dono” da rádio, dá um jeitinho de abafar a voz do cidadão, assim como deu um jeitinho de expulsar o Angel Morote e logo dará um jeitinho de apelidar de democracia a tirania que ele exerce. E sabe o que é pior? Faz tudo isso dizendo que é em nome de Deus...
Por Vanessa Rodrigues, às 17 de abril de 2011 às 12:30
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