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domingo, 28 de fevereiro de 2010

EntreVistas

Hoje, 28 de Fevereiro lanço em grande estilo: EntreVistas um novo espaço para que possamos conhecer juntos, pessoas que realmente fazem a diferença e fazem acontecer, com seriedade e qualidade em seus objetivos e ações.




Conheci dois jovens interessantes, responsáveis, inteligentes. Que me encantaram com sua honestidade e simplicidade ao falar. Com suas histórias de vida e determinação. E, ao convidá-los para essa conversa, de pronto aceitaram e foram responsavelmente pontuais. E nossa entrevista foi tão especial, que ao cair uma forte chuva o que não acontecia há dias, faltou luz no mesmo instante, o que sempre acontece aqui em Rio das Ostras. - Deve ter algum sensor na AMPLA, aos primeiros pingos captados, desliga-se tudo. - Nossa entrevista passou então a ser realizada à luz de velas. Super chic, como nossos entrevistados merecem.



  Diretoria Grupo Cores da Vida: Ari, Philipe, Jonathan e Indiara.
 
Jaqueline Serávia: Vamos apresentar vocês para os que ainda não os conhecem...
- Me chamo Jonathan Craveiro, tenho 21 anos, sou o presidente do Grupo Cores da Vida.
- Eu me chamo Philipe de Araujo, também tenho 21 anos, sou diretor do Grupo e sou designer gráfico.

JS: O que os motivou a ter essa decisão de montarem uma ONG?


GCV: Sempre desejamos montar um grupo onde tivesse o objetivo de lutar contra todas as formas de preconceito, um grupo formado por jovens, na época tínhamos 16 anos. Acho que fomos os ativistas mais novos do Brasil. Motivados por esse desejo passamos a conhecer outros grupos que já eram legalizados, como o Grupo Cabo Free (Cabo Frio – RJ), a ONG MDS (Macaé – RJ) e o Grupo Esperança (Campos – RJ), que nos deram muita força. Com isso, convidamos amigos interessados e montamos a documentação necessária.

JS: O que vocês reivindicam?


GCV: Reivindicamos o direito a livre orientação sexual e os direitos humanos das minorias, principalmente os LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Queremos combater todas as formas de preconceito, seja machismo, homofobia, racismo.
Também visamos a prevenção e a divulgação das DST/HIV/AIDS distribuindo preservativos em pontos de prostituição, festas e eventos em prol da saúde de todos. Queremos mostrar que somos cidadãos e merecemos respeito perante a sociedade. E quem nunca sofreu preconceito?

JS: Quais as maiores dificuldades que vocês encontram para pôr em prática seus projetos?

GCV:  Ainda encontramos muitas dificuldades, querendo ou não o preconceito ainda é muito grande e por sermos jovens, muitos comerciantes não confiam. Ficamos tristes por isso. Pois, temos muitos jovens de 16, 18 e 20 anos que querem trabalhar e ajudar a cidade, visando a paz e o amor com o próximo. Mas, muitos não dão essa oportunidade.
Não dizem que os jovens são o futuro do País? Então, dêem oportunidade a esse futuro!


JS: Quais trabalhos vocês realizam durante o ano?


GCV: Nós distribuímos preservativos e panfletos educativos conscientizando a importância do uso e da prevenção, realizamos caravanas para manifestações e paradas em outras cidades, damos palestras sobre homofobia, sexualidade e direitos humanos. Como já realizamos na Estácio de Sá em Cabo Frio – RJ. Onde pudemos junto com a ONG MDS criar um documentário abordando o preconceito com homossexuais.
Ano passado criamos junto com a UFF de Rio das Ostras – RJ outro documentário, onde falamos sobre a Parada do Orgulho LGBT de Rio das Ostras realizada anualmente no mês de setembro em Costa Azul. Também realizamos encontros, seminários e cine debate, onde arrecadamos alimentos para portadores do HIV/AIDS.













JS: Quais metas ainda estão por ser atingidas?


GCV: Creio que ainda temos muito para atingir, além da luta que sempre vai existir. Pois, até hoje os negros sofrem preconceitos, imagina os homossexuais... Mas, nossa maior meta, não digo nem meta, mas sonho, é poder conseguir um local onde a ONG possa atuar oferecendo, não só para os LGBTs, mas para toda a sociedade, assistência social, psicológica, jurídica e de enfermagem. Ter uma sede onde as pessoas possam ter informações e tirar dúvidas. Queremos ajudar o próximo, pois sei que somos capazes disso, é isso o que eu queria que fizessem para mim.

 
JS: O que é preciso para se associar ou apoiar a ONG Grupo Cores da Vida?
GCV:  Para se associar ou apoiar o Grupo Cores da Vida, basta ter a vontade de ajudar ao próximo e que as pessoas sejam contra o preconceito. Qualquer um pode se associar ou ser voluntário. Em nosso grupo temos gays, lésbicas, héteros e travestis. É um grupo bem misto e com o propósito de mostrar que todos podem conviver respeitando a diversidade.



JS: Qual a opinião de vocês quanto ao que motivou o início das Paradas Gays e o que elas representam agora?


GCV: Infelizmente as paradas gays de hoje estão sendo vistas como um grande carnaval. Do que adianta termos as maiores paradas do mundo se não temos os nossos direitos conquistados? É o que sempre digo para os jovens. Nós podemos casar no civil? A homofobia é crime? Podemos adotar filhos sem sofrer preconceitos? Então... A parada não pode virar uma bagunça. Devemos usar como exemplo as paradas dos EUA. Lá sim eles lutam e conquistam os direitos.
Temos que mostrar o objetivo da parada com placas, camisetas, militância, que nem no início. Dessa maneira sim, iremos atrair telespectadores que amarão e participarão com carinho da parada. Esse é o nosso maior desejo, fazer uma parada com pais de homossexuais, com héteros simpatizantes, com casais homoafetivos, todos desfilando com placas reivindicando e também com pessoas que já sofreram preconceito. Ex: Negros, mulheres, idosos, obesos, deficientes com placas escritas:Eu já sofri preconceito. Lute conosco, antes que a próxima vítima seja você.”
Esse é o nosso maior desejo, poder fazer um manifesto com objetivos e com o apoio direto da sociedade. Infelizmente o que nos falta é verba e apoio de pessoas que podem ajudar. Gostaríamos de levar à sociedade a real importância da Parada Gay e da maneira certa de ser.




JS: Quanto ao índice publicado pelo jornal O Globo em 27-11-2009 - editoria: O País. De que Rio das Ostras é a 2ª cidade onde há maior quantidade de portadores de HIV positivos, e a 26ª no Brasil. O que vocês sabem a esse respeito e qual a sugestão de vocês para se reverter esse quadro?




GCV:  Esse grande índice ocorre pelo fato de pessoas que moram fora da cidade migrarem para Rio das Ostras em busca de tratamento. Isso pelo medo de se exporem em suas cidades e por acreditarem em nossa saúde. O trabalho de prevenção é importante e deve ser constante e não só com homossexuais. Mas sim, com toda a sociedade, pois AIDS não tem cor, não tem raça, não tem sexo, não tem credo. Qualquer um está propício a contrair o vírus. Por isso devemos conscientizar todos os públicos, levando prevenção e informação.



JS: Qual pergunta que vocês sempre quiseram responder e nunca perguntaram?



GCV: O que diria para os políticos religiosos que colocam obstáculos para conquistas LGBTs?


GCV: Diria que nós não “optamos”em ser gay, lésbica, travesti ou transexual. Nascemos assim e merecemos nossos direitos como todo cidadão. negro nasce negro, mas não escolhe ser negro, como eles, nós não escolhemos ser homossexual, nascemos com essa condição. Então, merecemos ser protegidos pela Lei e ser reconhecidos perante as bancadas políticas. A política deve ser direcionada para todos! A cidade (Rio das Ostras) não possui só evangélicos – já que crentes são todos os que crêem em algo ou em alguém. Sendo assim, também somos crentes. – possui gays, negros, idosos, mulheres, crianças e deficientes. Nós cidadãos escolhemos quem vai governar nossa cidade então, nós somos os patrões e eles os subordinados. Não somos nem mais e nem menos do que ninguém, somos iguais e existimos, estamos aqui e queremos nossos direitos.


JS: Exatamente! Até porque a maquininha que computa os votos, não pergunta se o eleitor é gay ou não, não é? Na hora do palanque, dos comícios, dos tapinhas nas costas e eleitoreiros sorrisos,  eles pedem por favor que os gays não votem neles por causa de suas “religiões”? Claro que não! Nessa hora, para eles, vale conquistar tudo e a todos (VOTOS), até de Sodoma e Gomorra se for o caso.



Obrigada John e Ph.
Sucesso em suas lutas e conquistas!
Que nossos políticos - sociedade amadureçam. Ou seria desendureçam?
E larguem mão da hipocrisia, visando horizontes mais amplos, com mais amor para com os seres e o Universo, e menos politicagens e covardias em nome de Deus que a Tudo e a Todos criou.
Que Rio das Ostras possa ser exemplo positivo também nisso.

                                                          Jaqueline Serávia





Ong Grupo Cores da Vida

Contatos: somoscoresdavida@hotmail.com

Tel: (22) 9931- 0062



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

E o que será dos nossos patrimônios públicos???




               Foto e composição: Artur Gomes



O que está sendo feito nessa gestão é simplesmente descaso e absurdos, como os que estão no álbum de fotos do perfil do Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?origin=is&uid=2748909566531752492

Nas comunidades que tenho participado a maioria só critica. Blá blá blá não adianta... Não vai salvar a árvore que está morrendo e nem o Patrimônio que por tantos anos ficou abandonado e agora está sendo "reformado às pressas" com material de sucatas. Fora que foi mudado completamente o foco da construção, ferindo o artigo nº216 da Constituição Federal.

Por que não juntar as secretarias: Educação, Cultura e Turismo?

Entra gestor, sai gestor e as secretarias continuam Sub-Feudos. Cada um querendo puxar a "brasa para sua sardinha". Num jogo de vaidades frívolas, onde quem sempre sai perdendo é o cidadão e a própria cidade.

Que consigamos manter a nossa pérola mais linda!

Não negando que num passado não muito distante era conhecida como a Terra dos Peixes. Mas que para metrópole, como alguns tentam afirmar, falta muito.

Tomar por símbolo de uma gestão a Ponte nova sobre o Rio das Ostras, é no mínimo egocentrismo exacerbado. Por mais que a cidade venha se modernizando ao longo dos anos, essa ponte, muito bonita, de arquitetura arrojada, nada tem com a "cara" da nossa cidade. Aliás, torná-la símbolo de uma gestão, nada mais foi do que rios de dinheiro PÚBLICO jogados fora. Pra satisfazer o ego de alguns poucos.

O progresso deve seguir a caracterização de nossas origens, que é de uma aldeia de pescadores, completamente rica em história e natureza lindamente exuberante.

Mas, que com o tipo de gestão que estamos tendo: Que tipo de turistas e novos moradores estamos atraindo?

Não concordo quando dizem que o progresso atrai a violência e outros malefícios. Quem afirma pensamentos como esses, não tem nenhuma visão de progresso efetivo.

Isso tem muito mais de egolatria e falta de cultura e educação do que de verdade.



Nossa cidade transborda arte por todos os cantos e olhares. Temos artistas fantásticos. Até porque nós brasileiros temos essa herança.

Quem não valoriza sua população nativa, pede para ser colonizada e usurpada.

A quem interessa a ignorância e falta de cultura de um povo?



EGOlatria

E nasce o homem
Que só pensa em si
Que ergue seus sonhos
Sufocando a vida
Dos que habitam ali


E cresce o homem
Que só pensa em si
Que abate os pássaros
E mata as árvores
E ergue muros além de si


E lá vem o homem
Que cerceia os rios
Que mata os peixes
Que amordaça a fonte
Que traz na fronte
O pensamento em si


Desapropria terras
Invade reservas
Catequiza índios
Porque seu ego
É maior que si


E renasce o homem
Que só pensa em si
Que não sente os pássaros
Que se abrigam nas árvores
Que voam livres
Reflorestam as matas


Abate as árvores
Desnorteia os pássaros
Seca os açudes
Polui a água
Empobrece o solo
Enriquece o bolso
Assassinando o planeta
Que o acolhe em si.


Jaqueline Serávia

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CiviLizAção

Você sabe onde fica a Galiza?


A Galiza é um território junto ao norte de Portugal, próximo a Trás-os-Montes, onde nasceu a nossa língua. É a Pátria Mãe (ou Nai, em galego) de nossa Língua Portuguesa. Rica em tradições que remotam a constituição do homem ocidental, a Galiza possui um povo com espírito guerreiro, constituído a partir da cultura céltica, com enormes vínculos com entes naturais e sobrenaturais que habitam o seu imaginário e os seus bosques druidescos.
É um lugar onde se respira magia, poesia, beleza e tradição. A cidade de Santiago de Compostela é na Galiza. É uma nação estabelecida por poetas (Rosália de Castro, Eduardo Pondal...) que lutaram pela prevalência de uma identidade cultural galega, da língua galega, contra toda a tentativa de sufocá-la. Por razões histórico-políticas, seu território foi anexado à Espanha que desde há quinhentos anos tem buscado anular a identidade cultural do povo galego, obrigando-os a ortografia e ao falar do castelhano. Mas, fato surpreendente para nós brasileiros, este povo sempre resistiu às pressões, nunca abandonou sua identidade galega, mesmo se espalhando pelo mundo. Um povo que tem memória e que resiste galhardamente às proibições de que se falem a língua materna, o Luso-Galaico (bastante similar ao nosso português).

Recentemente foi constituída a AGALP – Academia Galega da Língua Portuguesa, com o decisivo apoio da ABL, através do acadêmico brasileiro Prof. Dr. Evanildo Bechara, nosso maior lingüista. Os galegos têm promovido manifestações a favor da Democracia Cultural, da cidadania liguistica, manifestações estas que tem sido duramente reprimidas pelo governo espanhol, que nesta matéria parece usar os métodos e argumentos de seu passado franquista. Imagine você, brasileiro, se lhe fosse proibido falar em seu idioma? O que você sentiria? Esta é uma causa de caráter humano, cultural e democrático, a qual vale à pena abraçar.

Ricardo Sant’Anna Reis, sociólogo e poeta. (por e-mail)



Saiba mais sobre esta nobre luta cultural 

(Carta escrita em galego pela poeta Concha Rousia, membro da Academia Galega de Letras Portuguesas, e uma das líderes do Reintegracionismo, que luta por fazer a Galiza membro efetivo da CPLP – Comunidades de Países de Língua Portuguesa).

“Nosso pais chamava-se Galaecia (de Gallaecia ou Callaecia, em Latim, Terra dos Kallaeci ou Calaicos). Com povoamento continuado desde antiguidades fabulosas já existia como território diferenciado quando os romanos, no século II antes de Cristo, procedem a sua integração e impõem o Latim. É um território singular reconhecido na Europa desde a Idade do Ferro, ainda que existam testemunhas arqueológicas a certificarem o seu povoamento desde o Paleolítico Inferior, e como parte já desde a Idade do bronze da Área cultural atlântica, conformada pelas costas Ocidentais e ilhas européias. Nomeada como província do império Romano na sua extensão original desde a Divisão de Dioceclano (298) respeitada durante muito tempo, enquanto esse império ocupava o resto da península, e grande parte da Europa. Constituída como Reino Independente polos Suevos (em 409) foi um dos primeiros estados da Europa. Integrado em 585 à monarquia visigótica recupera a sua identidade com a chegada dos árabes a Hispânia (711). Motor militar e econômico do Ocidente da Península ibérica, o Reino da Galaecia tinha como língua a mesma que segue a ter, e que na altura se chamou galego e que internacionalmente se conhece como Português. A nossa língua foi desde o seu nascimento a língua nai de poetas, os Provençais afirmavam que apenas se podia trovar numa quantas línguas: Provençal, Francês, Galego, Toscano e Siciliano... E há quem diga que a língua Galega foi a que influenciou a língua da Provença e não a inversa... há quem diga também que o celebre poeta Dante Alighieri teria escrito originalmente o seu clássico “A Divina Comédia” em galego. Como quer que fosse era língua de cultura e poesia. As vicissitudes da história (escrita não por nós e mal contada) fizeram com que aquele reino se partisse em dous, ficando separados para sempre, com o tempo e as alianças a parte que é a Galiza atual, foi ficando mais é mais ao serviço dos interesses de Castela, quem usurpou o seu protagonismo histórico e sempre se encarregou de a castigar. Primeiro fazendo ir a menos a menos a sua população que era muito numerosa, e depois controlando os seus recursos... até o dia de hoje. As normas impostas desde Castela desde há 500 anos foram fazendo com que a gente perdesse a sua escrita. A nossa língua foi então língua falada sem escrita. Mas sempre houve nos espaços cultos um elo nacional e elementos transmissores da língua, especialmente desde meados do século XIX num processo de recuperação que chamamos "Rexurdimento" que provocou uma aceleração político e cultural nas reivindicações lingüísticas e nacionais que chega até a Guerra civil espanhola (1936-39) e onde abrolham os nossos mais importantes vultos literários (Rosália de Castro, Manuel Curros Enriques, Eduardo Pondal, Daniel Castelão, Otero Pedrayo, Vicente Risco). Após uma brutal repressão (fuzilamentos, processos judiciais, depurações, exílio) nos anos da ditadura franquista do 1939 até 1975, nossa língua era proibida mesmo na sua forma oral.

A nós se nos castigou duramente nas escolas, com castigos físicos até, para que abandonássemos a nossa língua e falássemos apenas o castelhano. Mesmo assim, a nossa cultura deve ter tal força que nunca conseguiram que a gente deixasse de falar. Embora aos poucos a gente vai cansando e muitos, a cada vez mais, nos últimos 20 anos passamos de um 90 % de falantes a talvez um 70 %. O último como que agora nós atacam é a defesa dos falantes de língua castelhana que moram na Galiza. Desde finais dos anos 70 que morre o ditador Francisco Franco, permite-se-nos falar e escrever na nossa língua mas com muitos atrancos, e com muita discriminação, a dia de hoje há pessoas que são despedidas dos seus empregos por utilizarem a nossa língua, outros é-lhes exigido que falem apenas castelhano com o público e com os companheiros de trabalho.

A ortografia que escolheram os governantes no seu dia, desde que se nos permite escrevê-la, foi a do castelhano, uma aberração do ponto de vista lingüístico e mesmo histórico. Mas há também quem pense que eles não queriam que a língua se relacionasse com a de Portugal nem do Brasil e criaram uma ortografia que chamamos de norma Instituto da língua Galega/ Real Academia Galega, mas que é um engendro terrível que faz é desvirtuar e ir afogando a nossa riqueza lingüística e fazer com que o galego a cada dia se pareça mais com o castelhano, e vá sucumbindo. Não vou pôr nome a isto, a história se encarregará de fazer.

Com as políticas feitas desde Madrid, com 10 canais de televisão a falar em castelhano (na nossa língua apenas 1) e as TVs de Portugal a dia de hoje proibidas (por Espanha) no nosso território, enquanto em Portugal sim que podem receber a TV da Galiza e todas as TVs espanholas) com jornais, e com os cinemas e demais todo em castelhano. A cada dia a nossa língua perde falantes, e perde a sua qualidade e originalidade. Portanto como o numero de falantes de castelhano vai em aumento começam as vozes dos defensores do castelhano que querem limitar ainda mais a nossa língua. Querem o que eles chamam 'liberdade de idioma' para que a gente que não quiser não aprenda galego nem na escola, enquanto o castelhano estamos TODOS obrigados a sabes e usar. De novo, não vou por nome a isto, que a história o faça um dia. Mas que não tarde. Tal como nós o vivemos, estamos sitiados, se não conseguimos ganhar força para a nossa língua ela morre e não tarda. Mas como ganhar força se nós estamos a cada vez mais débeis? Aí é onde entra a Lusofonia, de sempre na Galiza há unha corrente que luta pola integração do galego no português, a dia de hoje os linguistas não poderiam defender outra cousa que não seja que galego e português são a mesma língua, com duas historias muito diversas, mas apenas uma língua.

O nosso propósito é fazer visível a nossa realidade no mundo inteiro porque é de uma grande injustiça histórica o que aqui acontece, e é também um drama humano que haveria que evitar, mas nós sozinhos não podemos. Nós resistimos e resistiremos, mas necessitamos reforços dos nossos irmãos de língua, de nossos irmãos da Lusofonia. É com esse propósito que tem nascido muitos movimentos na Galiza, e tem nascido também a AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa). Se a nossa língua se pode fortalecer nós somos quem se tem que encarregar de conseguir esse fortalecimento.

Por outro lado eu sei que a língua na Galiza, por ter estado isolada, ou mesmo até por isso, conserva léxico e usos que a língua tem perdido no resto dos territórios, por tanto acho que se a língua se perder aqui onde, junto com o Norte de Portugal, está o seu berço, a língua vai perder uma de suas raízes mais profundas e vai-se ressentir, vai ainda padecer mais da já incurável saudade. É por isso que eu acho que é da incumbência de todos os falantes de português, morem onde eles morem, defender a língua na Galiza, pois também a eles pertence.



Eu sei que os irmãos da Lusofonia, dos quatro cantos do mundo, se importam com a nossa língua é por isso que a eles eu, quanto que poeta e contadora de histórias, quero levar estas idéias. Vão nas assas de uma melra que me fala desde o pessegueiro, e que me ajuda a escrever os meus poemas”.

Um abraço meu (minha) irmão(a) brasileiro(a)
Concha Rousia, Escritora, poeta galega e psicoterapeuta.



Se você se sentiu tocado pelo relato e quer ajudar ao povo galego a retomar o direito a livre expressão em sua língua natal, deixe um comentário-protesto a este respeito no site da “Xunta de Galícia”, organismo governamental que compõe o aparato repressivo sobre o povo galego por parte dos Espanhóis.
O link é: http://www.xunta.es/envio-de-consulta-ou-comentario

                                                     
Manipular e proibir as formas de expressões de um povo. Chegando ao extremo de os proibir que falem ou se comuniquem em seu próprio idioma. É no mínimo arbitrário.
Deixo aqui meu manifesto e meu repúdio a tal atitude!
Em pleno século XXI...

Abraço também essa causa!

Jaqueline Serávia